Líderes do Centrão dizem que nunca concordaram com anúncios de Haddad e que MP pode ser rejeitada

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Líderes do Centrão dizem que nunca concordaram com as propostas do governo para substituir a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e deram um recado para a equipe econômica: vão tentar rejeitar a medida provisória, publicada na noite desta quarta-feira (11).

No último domingo (8), Haddad anunciou as medidas ao lado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários. No dia seguinte, Motta disse que não havia compromisso de aprovação do pacote.

Os parlamentares reclamam principalmente da taxação de LCI e LCA (títulos hoje isentos) e do aumento da tributação de CSLL para as fintechs – o que, segundo eles, vai retirar a competitividade em relação aos bancos.

Boa parte dos líderes diz concordar com aumento da taxação das bets (de 12% para 18%), mas nem sobre este ponto há consenso. Parlamentares do Centrão afirmam que a medida pode estimular a saída do país de empresas de bets que operam legalmente.

Outra reclamação é com a falta de medidas de corte de gastos. Os parlamentares argumentam que, embora o Congresso tenha que dar a palavra final, propostas impopulares como essas devem ser apresentadas pelo governo para que o desgaste não fique só com o Legislativo.

Plenário da Câmara dos Deputados durante votação do projeto sobre parcerias público-privadas — Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

Nesta quarta-feira (11), a federação União-PP, que tem 109 deputados e 14 senadores, anunciou que não vai aceitar qualquer proposta que gere aumento de impostos.

“Taxar, taxar, taxar não pode e nunca será a saída. É preciso cortar as despesas”, afirmou Antônio Rueda, presidente do União Brasil. “Imposto demais é veneno, não remédio.”

Já o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), diz que as medidas são ajustes para uma justiça tributária.

“Quando toca em setores específicos, há uma reação como se ninguém quisesse dar a sua contribuição”, disse. “Nós refutamos qualquer discurso de ‘gastança’, de descalabro fiscal.”

Influência das emendas

Parlamentares afirmam que outro fator contribui para o mal-estar em relação às medidas: as emendas parlamentares. Até mesmo governistas admitem que a medida provisória com os anúncios de Haddad só pode ser enviada ao Congresso quando o clima melhorar em relação às emendas.

Uma das reclamações, que se arrasta há semanas, é que o governo ainda não começou a pagar as emendas de 2025.

O argumento do Executivo é que o Orçamento foi aprovado no fim de março — por isso a demora. Mas mesmo parlamentares da base admitem que estão sendo pressionados por prefeitos e que os recursos não chegam.

Além do atraso no pagamento, os parlamentares se irritaram com um despacho do ministro Flávio Dino pedindo esclarecimentos sobre o repasse de R$ 8,5 bilhões em “emendas paralelas” — recursos que são identificados como despesas do Executivo, e não como emendas, mas que são usados como acordos políticos com o Congresso.

O incômodo com as emendas também pode ter reflexo na relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano. No ano passado, o PT fez um acordo com Hugo Motta para que o relator do projeto seja o deputado Carlos Zarattini (SP).

Mas, parlamentares do Centrão afirmam que isso daria ainda mais poder para o governo sobre as regras de execução das emendas. Por isso, têm defendido que a relatoria fique com algum deputado do grupo.

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