PF investiga se metanol abandonado após operação serviu para falsificar bebidas, diz ministro

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Foto: Vinicius Loures /Câmara dos Deputados/Arquivo
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski 07 de outubro de 2025 | 14:28

PF investiga se metanol abandonado após operação serviu para falsificar bebidas, diz ministro

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse nesta terça-feira (7) que a Polícia Federal investiga se bebidas alcoólicas foram adulteradas com o metanol que teria sido abandonado após ação policial contra a infiltração do crime organizado em postos e no setor financeiro.

“Todos sabem que recentemente tivemos enorme ação de combate à infiltração de crime organizado na área de combustíveis. Muitos caminhões e tanques de metanol foram abandonados depois da operação. Essa é uma hipótese que está sendo estudada, trilhada, acalentada pela PF”, disse o ministro à imprensa.

O ministro não mencionou a suspeita de envolvimento de uma determinada organização criminosa, como o PCC. Ele disse que a PF não descarta nenhuma hipótese, pois as apurações ainda são muito embrionárias. “Se esta é uma origem do metanol que está adulterando as bebidas, então a atuação repressiva será numa direção. Se tiver origem a partir de produtos agrícolas, a repressão terá outros alvos.”

Na segunda-feira (6), o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, repetiu que a polícia local descartou relação das intoxicações por metanol com o crime organizado. Ele disse que a principal linha de investigação para os casos de intoxicação por metanol é o uso de etanol de baixa qualidade na produção clandestina de bebidas.

Lewandowski, porém, disse que o envolvimento das organizações ainda está no radar da PF. “Não podemos avançar em nenhuma conclusão. Quando falamos em crime organizado, não estamos nos referindo necessariamente àquelas conhecidas facções, que têm siglas às quais não gosto de me referir. Pode ser que haja organização criminosa especializada em distribuir metanol para adulterar bebidas, não deixa de ser uma organização criminosa”, disse Lewandowski.

O ministério também afirmou que já notificou 15 estabelecimentos, e que deve acionar outros 15, para que apresentem informações sobre a origem das bebidas que são comercializadas no local.

O ministro concedeu entrevista à imprensa após se reunir com representantes do setor de bebidas. Ele afirmou que o governo criará um comitê informal de enfrentamento à crise. “Existe o folclore de que quando não se quer resolver o problema, cria-se uma comissão, mas não é disso que se trata”, disse. Ele afirmou que a ideia é reunir em um site as medidas tomadas pelo governo e pelo setor privado contra a crise.

Foram convidados para o encontro a Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), a ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas), a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o FNCP (Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade) e a ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação).

Na segunda-feira (7), o Ministério da Saúde afirmou que havia 17 casos confirmados e outros 200 em investigação de intoxicação por metanol após o consumo de bebida alcoólica. O número inclui duas mortes confirmadas em São Paulo, além de outras 12 em investigação.

Recomendação

Os órgãos de saúde recomendam evitar o consumo de bebida destilada que não saiba a procedência. O paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico imediato, realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.

Os sintomas de intoxicação de metanol podem estar associados a dores abdominais intensas, tontura e confusão mental. O socorro em até seis horas após início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento.

O Ministério da Saúde afirma que o SUS tem estoques satisfatórios de etanol farmacêutico, um dos tratamentos usados para os casos de intoxicação. Também diz que devem ser importados nos próximos dias 2.600 frascos de fomepizol, outro antídoto contra intoxicação de metanol. O produto será distribuído aos centros especializados em intoxicação.

Mateus Vargas, Folhapress



Fonte: Política Livre

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