Rui vai, aos poucos, minando ‘chapa de governadores’ em benefício próprio, por Raul Monteiro*

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Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil
O ministro Rui Costa 09 de outubro de 2025 | 09:26

Rui vai, aos poucos, minando ‘chapa de governadores’ em benefício próprio, por Raul Monteiro*

A tese é atribuída no PT ao ministro Rui Costa (Casa Civil). Nos bastidores – só nos bastidores -, ele tem alegado ter o direito de concorrer ao Senado no lugar do senador Jaques Wagner sob o argumento de que é mais forte eleitoralmente do que o ex-padrinho político. Não se trata, segundo Rui, de favorecer o senador Angelo Coronel (PSD), que neste caso faria par com ele na chapa com que Jerônimo Rodrigues (PT) pretende disputar a reeleição, nem de prejudicar Wagner. Mas simplesmente de encarar a realidade que as pesquisas a que passou a ter acesso mostram.

Segundo os números, ele apareceria em condição muito superior à do atual senador petista para enfrentar a disputa ao Senado ao lado de Jerônimo, com um nível de recall que não se registra em relação a Wagner. Aparentemente, o senador pagaria o preço de anos de afastamento em relação ao eleitorado, com o qual teve contato pela última vez há sete anos, quando elegeu-se ao Senado numa chapa liderada pelo próprio Rui. Os mesmos números trariam uma outra informação que não se pode descartar: há uma geração que sequer consegue lembrar que Wagner foi governador da Bahia.

Ou seja, tem muito tempo que ele não participa de um corpo a corpo, tanto na capital quanto no interior, nem dirige uma mensagem de impacto aos baianos capaz de projetá-lo para além dos círculos políticos onde desfruta do respeito e da admiração mesmo de adversários. Mas se Rui possui argumentos para justificar a sua candidatura em detrimento da de Wagner, o ministro não tem, no entanto, condições de empurrá-la para fora do ambiente restrito daqueles que lhe são mais próximos no PT. O partido, como se sabe, continua sob o controle do senador, que também exerce mais influência no governo estadual do que Rui.

Com as andanças pelo interior de que Wagner não participa e um nível de atividade política alto no Estado, o que repercute no fortalecimento de seu nome entre os players do campo governista, o ministro conseguiu desmontar a narrativa criada pelo correligionário de que os dois seriam candidatos ao Senado em 2026. O senador lançou o projeto sob a alcunha pomposa de “chapa dos governadores”, alegando uma suposta condição de imbatível do trio, com o propósito de evitar uma discussão sobre quem, entre eles dois, deveria ceder para abrigar o candidato do PSD na outra vaga.

Não contava, entretanto, com que o próprio Rui trabalhasse para minar a estratégia, ao passar a afirmar sua candidatura ao Senado de forma quase independente, enquanto seus liderados divulgavam sua alegada superioridade eleitoral, apontando, inclusive, saídas políticas para Wagner, como a de que pode vir a coordenar a campanha à reeleição de Lula. A situação animou o partido do senador Otto Alencar, onde a tese de que é melhor Rui do que Wagner na chapa ganhou tração e vem contribuindo, de fora, para minar a ideia de que o segundo tem o ‘direito de procedência’ para permanecer.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*



Fonte: Política Livre

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