Juízes e políticos ganham 66 vezes mais que a média do brasileiro

153

Os salários de políticos e juízes superam em até 66 vezes a renda média do brasileiro, segundo o IDS (Índice de Disparidade Salarial) produzido pela Associação Livres e divulgado nesta quinta-feira, 19/6. Onde está o ‘pai dos pobres’ que tem 16 anos de poder?

O levantamento inédito cruza dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do IBGE com a remuneração das autoridades do setor público nas esferas municipal, estadual e federal.

Os dados apontam para uma desigualdade estrutural do Estado brasileiro, reproduzida em todas as regiões e em todos os níveis de poder – Executivo, Legislativo e Judiciário.

Abismo

O abismo entre a remuneração dos representantes públicos e os ganhos dos cidadãos é ainda maior entre os membros do Judiciário, onde muitos deles gozam de salários acima do teto constitucional do funcionalismo com o uso de verbas indenizatórias.

Enquanto dezenas de milhões de brasileiros batalham para sobreviver com menos de dois salários mínimos por mês, em 2025, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) registrou mais de 63 mil pagamentos acima de R$ 100 mil a membros do Judiciário, com juízes e desembargadores.

“A disparidade social não é uma novidade no Brasil, mas quando fazemos um recorte e olhamos para os padrões de renda do nosso setor público, sobretudo para o alto escalão deste segmento, uma realidade alarmante vem à tona”, pontua Magno Karl, diretor executivo da Associação Livres.

Discrepância

O estudo mostra ainda que a discrepância de renda se acentua no topo do poder público. O presidente da República e os deputados federais ganham R$ 44.008,52 por mês. Nos Estados mais pobres, como Alagoas e Acre, isso representa entre 41 e 47 vezes a renda média local.

A disparidade entre elite política e população é mais acentuada nas regiões Norte e Nordeste, onde a renda média é menor, no entanto, mesmo nas regiões mais ricas, como no Sudeste, a diferença permanece alta: o presidente e os parlamentares recebem, por exemplo, cerca de 20 vezes mais do que a média dos paulistas.

Um problema estrutural, não conjuntural

Os números levantados pela pesquisa colocam o Brasil entre os líderes globais em disparidade salarial entre representantes e representados. O estudo afirma, no entanto, que a concentração de renda, fragilidades fiscais e desigualdade histórica no Brasil não é um problema conjuntural, mas estrutural.

“A disparidade brasileira não é apenas uma consequência do subdesenvolvimento econômico ou da baixa renda da população — ela reflete uma estrutura de remuneração pública desajustada, marcada por privilégios históricos, falta de transparência e ausência de controle efetivo sobre reajustes salariais no alto escalão’, afirma o estudo.

Entre as recomendações do estudo estão a criação de um teto federativo proporcional à renda local, conselhos independentes para definição de salários, transparência integral sobre benefícios e a adoção do IDS como ferramenta oficial para monitoramento e controle institucional.

Fonte: Terra

.

Artigos relacionados

Brasil

Lula vai à Colômbia para participar da reunião de Cúpula da Celac-UE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará da cúpula da Comunidade...

Brasil

Pesquisa indica mulheres jovens mais progressistas que homens

As mulheres jovens brasileiras são mais progressistas que os homens, que declararam...

Brasil

Alcolumbre e Moraes discutem como combater o crime organizado

O presidente do Senado, senador Davi Alcolumbre (União-AP), recebeu nesta terça-feira (4)...

Brasil

Relator de CPI quer investigar atuação do crime em mercados legais

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, instalada nesta terça-feira...