O que acontece com o paladar de quem usa Ozempic, Wegovy e Mounjaro

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Alterações no paladar foram associadas à queda no apetite e à sensação de saciedade mais precoce. — Foto: Freepik

Medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro — usados no tratamento do diabetes tipo 2 e, mais recentemente, da obesidade — podem mudar a forma como os pacientes sentem o gosto dos alimentos. É o que revela um estudo conduzido por cientistas da Alemanha e da Áustria, apresentado no congresso anual da European Association for the Study of Diabetes (EASD), em Viena.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica Diabetes, Obesity and Metabolism, cerca de 20% dos usuários relataram perceber alimentos mais doces ou mais salgados do que antes do tratamento. Essas alterações no paladar foram associadas à queda no apetite e à sensação de saciedade mais precoce.

O que a pesquisa descobriu

O levantamento foi feito com 411 pessoas com sobrepeso ou obesidade, das quais:

  • 148 estavam usando Ozempic,
  • 217 usavam Wegovy e
  • 46 estavam em tratamento com Mounjaro.

Os voluntários, em maioria mulheres (69,6%), faziam uso das medicações havia ao menos três meses. O tempo médio de tratamento foi de 40 a 47 semanas.

Os principais achados foram:

  • 21,3% sentiram a comida mais doce;
  • 22,6% notaram mais sal nos alimentos;
  • não houve alterações no amargor ou na acidez;
  • 58,4% disseram sentir menos fome;
  • 63,5% relataram se sentir satisfeitos mais rápido;
  • o IMC médio caiu de 15% a 17% ao longo do acompanhamento.

Um dado curioso: entre os usuários de Wegovy, 26,7% disseram que a comida parecia mais salgada — uma taxa maior que a observada nos grupos de Ozempic (16,2%) e Mounjaro (15,2%).

Por que o paladar muda?

Segundo o endocrinologista Othmar Moser, líder do estudo, esses medicamentos agem não apenas no intestino e no cérebro, controlando a fome, mas também nas papilas gustativas e em regiões cerebrais responsáveis pelo sabor e pela sensação de recompensa.

“Esses remédios podem alterar como sabores fortes, como o doce e o salgado, são percebidos. Isso, por sua vez, influencia o apetite e a sensação de satisfação”, explica Moser.

Ou seja: se o sabor se intensifica, o alimento pode parecer mais marcante e ser consumido em menor quantidade.

Relação com emagrecimento

Apesar da associação com menor apetite e maior saciedade, os pesquisadores alertam que não houve ligação direta entre a mudança no paladar e a perda de peso.

Segundo os autores, isso ocorre porque o emagrecimento é resultado de uma combinação de fatores: metabolismo, padrões de alimentação ao longo do tempo, atividade física e até genética.

Ainda assim, os cientistas defendem que acompanhar a percepção do gosto dos pacientes pode ser uma pista adicional para avaliar se o tratamento está funcionando.

Impacto na prática clínica

Para os médicos, essa descoberta pode abrir espaço para novas abordagens:

  • Dietas personalizadas: ajustar sabores de acordo com a sensibilidade do paciente.
  • Monitoramento do paladar: usar mudanças no gosto como indicador de resposta ao tratamento.
  • Adesão ao tratamento: entender se sabores intensificados tornam alguns alimentos mais ou menos atrativos.

Limitações e próximos passos

O estudo foi baseado em questionários on-line, com informações auto-relatadas pelos pacientes. Isso significa que não é possível provar que as mudanças no paladar foram causadas diretamente pelos medicamentos. Além disso, os voluntários podem não refletir o perfil de todos os usuários dessas terapias.

Os autores defendem que novas pesquisas, com análises clínicas e laboratoriais, sejam conduzidas para confirmar as descobertas.

O que são esses medicamentos

  • Ozempic: indicado inicialmente para diabetes tipo 2, com efeito de perda de peso observado como benefício adicional.
  • Wegovy: versão de maior dose da mesma substância do Ozempic (semaglutida), aprovada especificamente para obesidade.
  • Mounjaro: à base de tirzepatida, atua em dois receptores hormonais e vem mostrando resultados expressivos em redução de peso.

Todos pertencem ao grupo de terapias baseadas em incretinas, que imitam hormônios naturais do corpo para controlar a glicemia e a fome.

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